Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, foi baleado durante uma ação policial no Morro do São Bento, em Santos, nessa quarta-feira (6/11). Atingido provavelmente por uma bala da Polícia Militar, segundo a própria corporação, Ryan se junta às estatísticas: a PM matou ao menos 20 menores de idade entre janeiro e setembro deste ano. Entre eles, 14 eram pretos ou pardos. Os dados são da transparência da própria Secretaria da Segurança Pública (SSP) do estado de São Paulo.
O Metrópoles analisou os 474 registros disponíveis envolvendo PMs em serviço. No entanto, 115 não trazem a idade da pessoa morta em decorrência de intervenção policial (MDIP).
Em várias ocorrências, a história contada por testemunhas e familiares das vítimas contraria a versão apresentada pelos policiais. É o caso do menino Gicélio de Sousa Filho (foto em destaque), de 15 anos, morto na noite de 26 de junho, também no Morro do São Bento.
O garoto havia acabado de sair da aula, às 23h, na Escola Estadual João Octávio dos Santos, como mostra uma declaração assinada pela vice-diretora da unidade. Sonia Regina Gonçalves, mãe do Gicélio, afirma que, antes de chegar em casa, ele foi com amigos comprar refrigerante em um bar. Não terminou o dia. Foi baleado por PMs.
“Eu liguei para ele na escola e falei: ‘Filho, vem por baixo’, porque o morro já estava cheio. Ele respondeu: ‘Não, mãe, eu quero comprar um guaraná’. Eu tenho conta no bar que ele foi. Nisso que ele entrou, os caras já entraram atirando. Meu filho saindo com o guaraná nem deu tempo de vir para casa”, diz Sonia Regina ao Metrópoles.
“Eu ficava ligando para ele e ele não atendia. Foi quando falaram que estava cheio de polícia. Aí falaram que era meu filho, que ele já estava morto e tinha sido levado para a Santa Casa. Não deixaram eu entrar, me expulsaram”, acrescenta a mãe de Gicélio.
Além de Gicélio, duas pessoas morreram na ocorrência. Segundo a PM, teria havido uma troca de tiros. O tenente Patrick Calyuli Silva foi baleado e socorrido.
Página manchada de sangue
A mulher conta que, quatro meses depois, continua tentando preservar o quarto do filho, mantendo a cama arrumada, as roupas dele nas gavetas e o caderno que carregava quando foi baleado. Entre as páginas manchadas de sangue, é possível ver as anotações do garoto no colégio sobre a matéria de Língua Portuguesa.
Orgulhosa, Sonia Regina exibe o álbum de formatura do filho, que chegou há dois dias. “Ele era um menino estudioso, alegre. Ele estava sempre sorrindo”, diz a mãe. “Na vida, era só eu e ele. Ele era meu companheiro, meu amigo, meu irmão, meu pai. Ele era tudo para mim.”
Priscila Alonso Faria, irmã mais velha de Gicélio, decidiu voltar a morar com a mãe após a tragédia. “Não tem como deixarmos ela sozinha. Ela sente muita saudade”, diz.
Ela também critica o anúncio feito pela Polícia Militar de uma nova operação no Morro do São Bento, após a morte do menino Ryan.
“Agora foi uma criança de 4 anos. Daqui a pouco pode ser um senhor. O que eu quero é justiça. Quem sofre são as mães. Eles têm filho, não podem chegar assim oprimindo a gente”, afirma Priscila.
Dados da letalidade policial
Os dados mostram que entre os mortos pela polícia, 306 são negros ou pardos (68%) e 143, brancos. Outros 25 tiveram a cor da pele ignorada. Na população paulista em geral, 41% são negros ou pardos. Entre aqueles que tiveram a idade divulgada pela SSP, quase 60% têm até 29 anos de idade.
Outro dado aponta que, no estado como um todo, 67% das pessoas (320) foram mortas durante a noite ou na madrugada (das 18h às 5h59), embora o número de interações entre população em geral e a polícia nas ruas seja maior ao longo do dia.
A análise mostra que 8 das 31 mortes com endereços declarados em Santos ocorreram no Morro de São Bento (25% do total). Nenhum dos supostos confrontos com morte na principal cidade da Baixada Santista aconteceu na orla da praia.
O que diz a SSP
A SSP afirma que as forças policiais do estado trabalham para proteger a população e combater a criminalidade, prendendo e levando à Justiça aqueles que infringem a lei. “Desde o início do ano, mais de 151 mil criminosos, incluindo líderes de facções criminosas, foram presos, e 148,3 toneladas de drogas retiradas das ruas, gerando um prejuízo bilionário ao crime organizado”, diz, em nota.
A secretaria também ressalta que os confrontos “são consequência direta da reação violenta dos criminosos diante da presença policial”. Segundo a pasta, todos os casos dessa natureza são investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário.
A secretaria diz, também, que as forças de segurança investem continuamente na aquisição de equipamentos não letais, além da capacitação e treinamento de seus policiais. “Durante sua formação, os agentes cursam disciplinas de Direitos Humanos, que abordam temas como o combate ao racismo, à violência de gênero e a outros crimes de intolerância, incluindo orientações sobre abordagem e atendimento a vítimas”, afirma.
A SSP diz que a PM paulista participa do grupo de trabalho “Movimento Antirracista – Segurança do Futuro”, coordenado pela Universidade Zumbi dos Palmares.
Com informações do portal Metrópoles
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