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Saúde Pública

Homem morre no DF após esperar ambulância por 13 horas, mostra reportagem

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Vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), Jonair Alves da Silva (foto em destaque) morreu, aos 61 anos, após esperar por mais de 13 horas por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O caso aconteceu em junho de 2023.

Segundo familiares, a demora contribuiu para a morte do paciente. No DF, o Samu enfrenta uma crise crônica, marcada pelo sucateamento das viaturas e a falta de pessoal.

Sobrinho do paciente, o analista de suporte Renato Silva Araújo, 45, acompanhou cada momento do drama. Em 9 de junho, Jonair passou mal no P Norte, em Ceilândia. O paciente foi levado inicialmente ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Com suspeita de um AVC hemorrágico, foi transferido para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde passou por mais exames. Segundo Renato, a equipe médica informou que ele teria sofrido uma calcificação no cérebro. O paciente voltou para o HRC e, para a surpresa da família, logo recebeu alta.

Nova internação

“Três dias depois, meu tio veio a passar mal, na casa da minha mãe”, contou Renato. O paciente voltou para o HRC. De acordo com o sobrinho, com o estado gravíssimo, o tio precisava ser internado em um unidade de terapia intensiva (UTI).

Às 9h de 14 de junho, Jonair conseguiu um leito de UTI em um hospital particular. Por volta das 14h, uma ambulância do Samu chegou no HRC. “Só que, quando estacionou para levar o paciente, o motorista falou que a viatura apresentou problema no radiador. Estava vazando água e não poderia fazer o transporte do passageiro”, comentou o analista.

Piora

Conforme o relato de Renato, médicos alertaram para a piora no quadro do tio. “Eu peguei o meu carro e fui na base do Samu em Ceilândia. Me falaram que não haveria mais nenhuma viatura. Todas estavam quebradas”, contou.

Desesperado, Renato buscou de todas as formas transporte para salvar a vida do tio. No entanto, uma nova viatura do Samu só chegou ao HRC por volta das 22h30, quando Jonair foi transferido para o hospital particular. A equipe médica informou que o estado do paciente era irreversível. Para a família, a demora no atendimento agravou o saúde do homem. “Eles disseram: nas próximas horas, você vai ser comunicado do luto do seu tio”, relembrou Renato.

A equipe médica adotou os procedimentos necessários para que os demais familiares tivessem a chance de se despedir. Após o adeus dos filhos e demais parentes, por volta das 13h do dia 15 de junho, Renato testemunhou a partida do tio. “Os aparelhos começaram a desligar. Não estava tendo pulso. Ele veio a óbito”, lamentou.

Renato apresentou denúncias na Câmara dos Deputados e na Câmara Legislativa (CLDF). Para o analista, a demora e o episódio da ambulância quebrada do Samu foram primordiais para óbito.

“Meu tio não é um número”

“Meu tio poderia ficar com severas sequelas, mas estaria vivo. Essa demora no atendimento levou ele”, afirmou. Para Renato, a crise no Samu é revoltante. “A gente tem ótimos profissionais e médicos no Samu, são pessoas qualificadas, só que o Estado não tem dado o devido valor à saúde pública”, alertou. “Meu tio não é um número. Cada pessoa morta é de carne e osso, têm família. O óbito acaba gerando um efeito dominó. As famílias sofrem perdas significativas, emocionais e financeiras. Não são números”, desabafou.

Para poder pagar o enterro de Jonair, a família precisou fazer uma vaquinha. Na avaliação de Renato, medidas precisam ser adotas para sanar a crise e fortalecer o Samu. “Eu quero Justiça. Eu quero que outras pessoas não tenham o mesmo destino do meu tio. Foi uma sentença de morte. Teria como salvar ele. Teria…”, assinalou.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde sobre o caso e a crise de sucateamento do Samu. Até a última atualização deste texto, a pasta não havia respondido aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.

Com informações do portal Metrópoles

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