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Emprego e Renda

DF registra 40 mil empreendedores 60+ e vê crescimento no setor

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Empreender é um desafio e, para quem está na terceira idade, essa tarefa se torna ainda mais difícil. Dados recentes do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de dezembro de 2023, mostram que, no Distrito Federal, cerca de 40 mil donos de negócios estão acima dos 60 anos — número que representa 9,8% do total de empreendedores.

No país, são pouco mais de 4 milhões. E esses números só crescem. O setor mais explorado por essa faixa etária é o de serviços, chegando a 36,4%; seguido de comércio (21,9%), agropecuária (16,6%), indústria (12,8%) e construção civil (12,2%). No Distrito Federal, o secretário de Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda (Sedet), Thales Mendes, afirma que o compromisso é garantir que os empreendedores, sejam eles 60 ou de qualquer idade, tenham acesso a oportunidades reais de crescimento por meio de programas de capacitação, crédito facilitado e incentivos financeiros que fortaleçam seus negócios.

De acordo com ele, no caso dos empreendedores com mais idade, a percepção é de que, além de garantir mais recursos para as empresas, os programas também proporcionam autonomia financeira. “Além disso, valorizam a experiência adquirida ao longo dos anos e incentivam seus talentos, garantindo que continuem contribuindo ativamente para o mercado e para a sociedade”, pontua o secretário.

Gerente de atendimento personalizado do Sebrae-DF, Ricardo Robson ressalta que os desafios de empreender são inerentes a qualquer pessoa que deseja se aventurar no ramo, independente da idade. “A grande questão está em fazer um bom planejamento de negócio, ou seja, um trabalho prévio”, avalia. “A fase do planejamento é uma das principais etapas que faz com que a pessoa peque, ou não, na hora de montar o negócio. É muito comum que uma pessoa tenha uma vontade maior de que o negócio esteja ativo logo e queime etapas. Isso faz com que, muitas das vezes, o empreendimento não vá para frente”, alerta.

Afinidade

Segundo Robson, a decisão de abrir um negócio, no caso dos 60 , está ligada a uma série de fatores. “Alguns, por exemplo, juntaram suas economias e criaram a empresa, para complementar a renda”, observa. “Mas existe os que montam o empreendimento por afinidade”, comenta. É o caso de Mario Gisi, 67 anos, dono de uma fábrica de chocolates no Paranoá. O morador do Lago Sul conta que começou a investir na pequena empresa há cinco anos.

“Era servidor público e, quando me aposentei, resolvi que estava na hora de criar o minha própria atividade comercial. Juntei algum dinheiro e resolvi apostar”, comenta. “Fiz uma pesquisa muito grande. Estudei sobre cervejas, cinema, entre outras áreas, até chegar no chocolate, que foi o produto que decidi me aprofundar mais”, acrescenta Gisi. Segundo ele, o que envolve o empreendedorismo é a paixão pelo que está fazendo. “Se você gosta, tem que arriscar. Faz parte desse mundo saber que uma coisa ou outra pode dar errado”, opina, otimista com os resultados do empreendimento.

Sobre o fato de ter começado o negócio na terceira idade, o empresário acredita que isso não é um problema. “A gente está sempre muito perto da morte, então, acho que a gente não deve medir aquilo que vamos fazer. Tendo a oportunidade de fazer o que gosta, penso que não se deve deixar passar”, pontua. “A idade pode trazer algumas dificuldades, mas também pode criar algumas facilidades”, avalia.

Pesquisa

Gerente de atendimento personalizado do Sebrae-DF, Ricardo Robson afirma que a expectativa de vida da população está aumentando. “A pirâmide etária brasileira está invertendo. Hoje, existe um contingente muito grande de pessoas que estão no topo. A população idosa está aumentando e a taxa de natalidade reduziu”, comenta. “Isso faz com que o público-alvo do mercado mude e, ser um empreendedor 60 é bom nesse caso, pois, faz com que o dono do negócio tenha um melhor conhecimento do público que ele vai trabalhar”, ressalta.

Foi o que aconteceu com Flávia Pires, 69, moradora do Park Way. Formada na área tecnológica, ela viu uma oportunidade em uma situação vivida em casa. Há cinco anos, criou um aplicativo chamado Tech Care: Dia-a-Dia, idealizado para cuidar de sua mãe, que tem Parkinson e Alzheimer e mora em Recife. Além dessa motivação, ela percebeu que esse nicho é praticamente inexistente no mercado. “Há cinco anos, ninguém pensava em algo assim”, comenta.

Segundo ela, a plataforma foi toda pesquisada e criada para evitar erros. “É uma ferramenta que está mais voltada para quem vai cuidar do idoso, em que vai ter acesso à rotina do paciente, como alimentação, hidratação e medicação”, explica. “Uma pessoa idosa até pode usar, mas alguém que está acima dos 80 anos, por exemplo, é mais difícil de conseguir manusear o aplicativo”, pondera.

Mesmo sendo a criadora do aplicativo num mundo tecnológico dominado pelos mais jovens, ela é discriminada no meio (leia mais em Três perguntas para). “Apresentei meu projeto em alguns locais e, de cara, tanto avaliadores como participantes tiveram um olhar preconceituoso, sem acreditar que sou a responsável pela criação de um aplicativo”, lembra. Só que isso não a desanima. “Não tem sentido ficar parado depois da aposentadoria. Se o presidente do Brasil tem quase 80 anos, por que não se pode abrir uma empresa com 60?”, brinca Flávia.

Três perguntas para Marcelo Valle, economista e professor do Ceub

Os desafios de empreender a partir dos 60 anos são diferentes dos enfrentados pelos demais empreendedores? Como superá-los?
Sim, há desafios específicos para quem decide empreender após os 60 anos. Um dos principais está relacionado ao avanço tecnológico. As gerações mais jovens, em geral, possuem maior familiaridade e facilidade para lidar com novas tecnologias. Assim, empreender em um mundo cada vez mais digitalizado exige um esforço adicional de aprendizado e adaptação.

Quais são as vantagens e desvantagens para quem começa a empreender a partir dos 60 anos?
A experiência adquirida ao longo dos anos proporciona maior preparo para lidar com situações de pressão, dificuldades e riscos. Enquanto um problema pode parecer intransponível para um jovem empreendedor, alguém mais experiente pode enxergá-lo como apenas mais um obstáculo a ser superado. Além disso, a bagagem acumulada ao longo da vida traz aprendizados valiosos e um entendimento mais sólido da cultura organizacional. Só que isso pode se tornar uma desvantagem. Muitos profissionais acima dos 60 anos cresceram em um contexto no qual permanecer por décadas na mesma empresa era sinônimo de lealdade e competência. No cenário atual, em que a flexibilidade e a inovação são altamente valorizadas, essa mentalidade pode ser vista como resistência à mudança.

No DF, o cenário para quem começa um negócio depois dos 60 anos é positivo ou negativo? Por quê?
É positivo e favorável. Devido ao grande número de servidores públicos aposentados precocemente, há muitas pessoas com boa qualidade de vida, saúde e disposição para continuar ativas. Muitos não desejam simplesmente ficar em casa e buscam novas oportunidades. Além disso, o alto nível educacional do DF favorece a adaptação ao mundo dos negócios. Muitos profissionais acima dos 60 anos estão bem informados sobre tendências do mercado e novas oportunidades, tornando o empreendedorismo nessa fase da vida uma opção viável e promissora.

Os caminhos para empreender

1 – Saiba qual negócio abrir: confira sugestões de como ganhar dinheiro e descubra o que é preciso ter para montar um negócio;
2 – Veja se você tem perfil: Para tornar um negócio realidade, é preciso ter perfil empreendedor, conhecer a realidade do mercado e organizar um plano de negócios;
3 – Reúna informações sobre o negócio: coletar informações para dar subsídio consistente à criação da empresa, pesquisando dados sobre mercado, finanças, marketing e localização do empreendimento;
4 – Organize-se: ao conhecer o mercado você conseguirá construir o plano de negócios e definir estratégias para posicionar corretamente a sua empreitada;
5 – Obtenha crédito: para isso, pode ser necessário a obtenção de dicas de gestão de dinheiro e de como conseguir auxílios financeiros para as suas necessidades profissionais;
6 – Coloque a mão na massa: a última etapa é registrar o negócio e torná-lo realidade. Procure saber o que é preciso para formalizar o empreendimento.

Fonte: Sebrae

Empreendedores +60 no Brasil

2020 – 3,2 milhões

2021 – 3,7 milhões

2022 – 3,9 milhões

2023 – 4 milhões

*não há dados de anos anteriores para o DF

Fonte: Sebrae

Com informações do Correio Braziliense

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