Apesar de pressões dentro do governo, Copom mostra preocupação com o quadro fiscal e segura Selic em 13,75% ao ano

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, disse que não houve surpresas na decisão do Copom. “Há um capítulo importante por vir: o novo arcabouço fiscal que vai substituir a regra do teto de gastos, e que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) prometeu divulgar em abril, para que seja incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024. Mas não há nada de concreto, ainda”, destacou.
Ele lembrou que as projeções do mercado para a Selic no fim deste ano voltaram a subir, como reflexo de declarações de Lula sobre a possibilidade de elevar a meta de inflação. De 11,25% em novembro, a previsão avançou para 12,50% nesta semana. Estudo do Itaú Unibanco alertou para o risco de a Selic chegar a 15% caso o governo insista nessa ideia, que, se concretizada, teria, como consequência imediata a alta das expectativas inflacionárias.
Caruso observou também que bancos centrais de países desenvolvidos têm sinalizado que podem antecipar o fim do aperto monetário. Ontem, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), reduziu o ritmo de alta dos juros básicos para 0,25 ponto percentual, colocando a taxa no intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano, como esperado pelo mercado. “O comunicado sugeria que haveria umas quatro altas de juros ainda, mas Jerome Powell (presidente do Fed) deu a entender que eles subirão apenas nas próximas duas reuniões, ou seja, até maio”, destacou.
“Se os bancos centrais começarem a frear a alta dos juros, isso pode ajudar o trabalho do nosso BC”, frisou Caruso. “Contudo, a grande questão é o quadro fiscal. O governo precisa apresentar um novo arcabouço que recupere a credibilidade do controle das contas públicas para ancorar as expectativas de inflação”, alertou.
Pelas estimativas do Banco Original, o Copom poderá iniciar a redução da Selic em setembro. Mas, para a XP Investimentos, isso só será possível no início de 2024. Na avaliação de Tatiana Nogueira, economista da XP, o comunicado do Copom acabou sendo mais duro do que o esperado, porque as previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiram. Para este ano, aumentaram de 5% para 5,6%, acima do teto da meta, de 4,75%; para 2024, passaram para 3,5%, acima do centro da meta, que é de 3%.
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